terça-feira, 21 de maio de 2013

FADO NÃO SE INVENTA

No fado nada se inventa
Já tudo foi inventado
Mas ainda se aguenta
E o ouvido não lamenta
Quando ele, é bem cantado


Um dia quando eu cantei
E ao meu fado dei brilho
Eu não sei o que pensei
Quando um fadista fitei
Que trauteava o estribilho


Ficou assim no ouvido
Gravado com gratidão
E foi em tempo devido
Atormentar-me o sentido
Ferindo o meu coração


Minha paixão é meu fado
Com ele 'stou comprometida
É meu presente e passado
Futuro continuado
P' ró resto da minha vida



Maria de Lurdes Brás





domingo, 19 de maio de 2013

A INVEJA

Eu tenho inveja do vento
Que te beija ao soprar
Não digas que eu invento
Que gostas desse beijar


Eu tenho inveja do sol
Que se esconde no poente
Fazes dele o teu lençol
Que te tapa docemente


Tenho inveja das estrelas
Que dão brilho à noite escura
Quando olhas para elas
Com teu olhar de ternura


Tenho inveja da verdade
Mesmo quando estás mentindo
Vou morrendo de saudade
Enquanto de mim vais rindo


Eu tenho inveja do mundo
Não tem princípio, nem fim
Eu tenho inveja de tudo
O que te afasta de mim.


 Maria de Lurdes Brás