quinta-feira, 24 de outubro de 2013

MAR DE FANTASIA

Com um dia tão cinzento
A minha alma molhada
E soprando forte o vento
Tenho longe o pensamento
Minha vontade algemada


E logo, me vem à mente
Loucuras ou talvez não
E assim constantemente
Finjo ser mulher valente
Que navega em contramão


Pus o orgulho de lado
Fiz-me ao mar da fantasia
Não sou barco naufragado
Perdido no mar salgado
Que volta em maré vazia


E voltei àquela rua
Cai a chuva, sopra o vento
Escureceu não há lua
Mais fantasia flutua
No mar do meu pensamento


Maria de Lurdes Brás

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

GLOSA DE ALEIXO

MOTE

Vai subindo lentamente
Só assim serás alguém
Que quem sobe de repente
Raramente sobe bem

António Aleixo


AQUELA ESCADA


Estás a ver aquela escada
De aspeto tão decadente
Para não ficares cansada
VAI SUBINDO LENTAMENTE


Põe de parte essa vaidade
Estrelas só o céu tem
Não percas a humildade
SÓ ASSIM SERÁS ALGUÉM


Um degrau de cada vez
Com firmeza e calmamente
É mais seguro talvez
QUE QUEM SOBE DE REPENTE


E terás a recompensa
Que muita gente não tem
Quem quer subir depressa
RARAMENTE SOBE BEM


Maria de Lurdes Brás

segunda-feira, 24 de junho de 2013

SOU COMO GOSTO DE SER

Há quem me chame vaidosa
Há quem diga, é atrevida
E de maneira teimosa
Vou vivendo divertida
/
Por tudo o que tenho e faço
Sou por muitos invejada
Humildade é o meu traço
Modéstia a minha estrada
/
Se na vida não vencer
Não é por amor faltar
Talvez seja por não ter
Aquele dom de engraxar
/
Vou continuar assim
Minha ideia não mudou
Há quem não goste de mim
Eu gosto de ser quem sou
/
E à velha realidade
Não há ninguém que resista
Não se compra uma amizade
Só com amor se conquista
/
Mas não tenho preconceitos
Nem me acho convencida
Com todos os meus defeitos
Lá vou vencendo na vida.

//

Maria de Lurdes Brás

terça-feira, 21 de maio de 2013

FADO NÃO SE INVENTA

No fado nada se inventa
Já tudo foi inventado
Mas ainda se aguenta
E o ouvido não lamenta
Quando ele, é bem cantado


Um dia quando eu cantei
E ao meu fado dei brilho
Eu não sei o que pensei
Quando um fadista fitei
Que trauteava o estribilho


Ficou assim no ouvido
Gravado com gratidão
E foi em tempo devido
Atormentar-me o sentido
Ferindo o meu coração


Minha paixão é meu fado
Com ele 'stou comprometida
É meu presente e passado
Futuro continuado
P' ró resto da minha vida



Maria de Lurdes Brás





domingo, 19 de maio de 2013

A INVEJA

Eu tenho inveja do vento
Que te beija ao soprar
Não digas que eu invento
Que gostas desse beijar


Eu tenho inveja do sol
Que se esconde no poente
Fazes dele o teu lençol
Que te tapa docemente


Tenho inveja das estrelas
Que dão brilho à noite escura
Quando olhas para elas
Com teu olhar de ternura


Tenho inveja da verdade
Mesmo quando estás mentindo
Vou morrendo de saudade
Enquanto de mim vais rindo


Eu tenho inveja do mundo
Não tem princípio, nem fim
Eu tenho inveja de tudo
O que te afasta de mim.


 Maria de Lurdes Brás

sexta-feira, 22 de março de 2013

SOU ÁGUA, SOU VIDA

Eu sou a gota que cai
Sou a lágrima que vai
Brilhar em rosto molhado
Eu sou a fonte que brota
Sou barco no mar sem rota
Num iceberg encalhado


Gota a gota vou caindo
E a correr vou lá indo
Nesses rios, nesses mares
Sou gelo que derrete
Ribeira que se repete
Água benta a curar males


Sou água que mata a sede
Sou orvalho em ramo verde
Nesta terra ressequida
Chuva ou inundação
Esperança em teu coração
E sem água não há vida.



Maria de Lurdes Brás


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

PASSEIO NA MARGEM

Num passeio à beira rio
Vi a beleza da margem
E fui de fio a pavio
Entre vento forte e frio
Sentido a suave aragem


Uma onda de revolta
Na areia veio desmaiar
Erguendo à minha volta
A paisagem fresca e solta
Perturbou o meu olhar 


Uma gaivota saudava
O navio que ia passando
Eu na margem observava
Todas as voltas que dava
Como se estivesse bailando


Deixei perdido o olhar
Entre o rio e o mar andei
Vi o sonho naufragar
As ilusões navegar
E na margem caminhei.



Maria de Lurdes Brás

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

TEU PEITO MINHA ALMOFADA

Fiz do teu peito almofada
P'ra descansar meu cansaço
D' uma solidão rimada
E saudade abandonada
Num tempo que não tem espaço


Teu coração é o ninho
Onde guardo a nostalgia
Meu remédio teu carinho
E deixo no meu caminho
Pegadas de fantasia


Teu braço é o meu seguro
Desta confusa loucura
Não ultrapasso esse muro
Tenho receio do futuro
E que me perca na procura


Tuas mãos são o meu guia
Da solitária jornada
A saudade está vazia
Minha vida é menos fria
Fiz do teu peito almofada.


Maria de Lurdes Brás


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

JARDIM DOS AMORES

No jardim dos meus amores
Há flores de várias cores
Que alegram meu coração
Há flores muito belas
Tão singelas e amarelas
Que são a minha paixão


O girassol, é meu amigo
E contigo, sinto o perigo
Nos espinhos das roseiras
Porque as rosas são bonitas 
E as violetas bem catitas
Das paixões tão derradeiras

Malmequeres, que gosto tanto
São encanto e desencanto
P'rás minhas lamentações
Água de rosas dos olhos
Os abrolhos dos escolhos
Do cravo das ilusões

Neste subtil universo
És o reverso do verso
Do meu jardim encantado
Sonho com amores-perfeitos
E os defeitos dos meus jeitos
A primavera do meu fado


Maria de Lurdes Brás




terça-feira, 22 de janeiro de 2013

AMOR ABENÇOADO

Meus poemas são diversos
E nos meus humildes versos
Uma homenagem recai
Para esse amor profundo
Dos maiores amores do mundo
Que é o grande amor de pai
/
Ele é esperança, é amor
É o nosso criador
Da nossa vida, é semente
Com a benção do Senhor
E o seu divino amor
Aprendemos a ser gente
/
É ambição desmedida
Ver no espelho, reflectida
A boa imagem dos filhos
Com saúde, educação
Muito amor no coração
Vê-los fugir de maus trilhos
/
Esta a imagem que eu vejo
E a todos vós desejo
Ver no rosto bem estampado
E não esqueçam jamais
Que o amor dos nossos pais
Deve ser, abençoado.

//

Maria de Lurdes Brás


sábado, 12 de janeiro de 2013

MEU ALENTEJO ADEUS

ADEUS Ó CASAS BAIXINHAS
DAS PAREDES TÃO BRANQUINHAS
E DO SOL SEMPRE A BRILHAR
ADEUS CAMPOS VERDEJANTES
DESSAS PAPOILAS BRILHANTES
QUE ENCANTAM MEU OLHAR



ADEUS ALENTEJO /ADEUS NOSTALGIA

JÁ VEJO A DISTÂNCIA
DESSA MINHA INFÂNCIA / QUE DEIXEI UM DIA
REBANHOS DE GADO / REVER EU DESEJO
MATAR AS SAUDADES
OUVIR AS TRINDADES / NO MEU ALENTEJO


ADEUS Ó PRAIAS TÃO BELAS

PLANÍCIES TÃO SINGELAS
DE ENCANTO QUE NÃO TEM FIM
ADEUS Ó VALES E MONTES
Ó ÁGUA PURA DAS FONTES
QUE SAUDADES, SINTO EM MIM.



MARIA DE LURDES BRÁS