sexta-feira, 23 de novembro de 2012

SÓ CONTAM OS MILHÕES

Nesta vida desvairada
Ninguém olha p'ra ninguém
Anda mais preocupada
No umbigo que ela tem
/
Cada um olha por si
E o parceiro que se lixe
Nada tenho contra ti
Mas eu, sou muito mais fixe
/
E os nossos governantes
Nem vale a pena falar
Que são muito mais amantes
Dos Euros que vão chegar
/
Tanto dinheiro vem da troika
Sem sabermos p'ro que serve
Com tanta troika e baldroika
Já nem sabem quanto se deve
/
Corta aqui, corta acolá
Até ficar tudo despido
As pessoas não contam já
Só os milhões tem sentido
/
A coisa está muito séria
Do que resta nada fica
Fica tudo na miséria
Nem sobram...troikos p'ra bica.

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Maria Lurdes Brás

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

FADO, NOME QUE NÃO ESQUECE

Escrevi teu nome na areia
Que a onda branca apagou
Nessas ondas qual sereia
O meu amor navegou
/
E nas pedras da calçada
Por todos era pisado
A tua imagem sagrada
Ao teu nome está colado
/
Escrevi também nas estrelas
Esse nome que te deram
As nuvens brancas e belas
Logo ao passar o esconderam
/
Escrevi na terra molhada
E quando a terra secou
Teu nome nela gravada
De tão seca se quebrou
/
FADO; nome que não esquece
Quatro letras de tormento
No coração anoitece
Amanhece, no pensamento


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Maria de Lurdes Brás

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

MEU XAILE, TERÇO SAGRADO

Seja negro, ou doutra cor
Não sei cantar, sem o pôr
Sobre os ombros, pendurado
É o símbolo tradicional
Desta canção sem igual
Que é o nosso eterno fado

/

O meu xaile é um adereço
Como se fosse o meu terço
Quando canto, em oração
Por isso, o trago traçado
Ou nos ombros pendurado
Bem junto do coração

/

Suas franjas são as contas
E seguro as suas pontas
Quando, rezo o meu fado
E assim, minha voz elevo
Rezando com muito enlevo
Meu xaile, terço sagrado.


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Maria de Lurdes Brás

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

terça-feira, 28 de agosto de 2012

GIGANTE É A VERDADE

Há um mar que se agiganta, no meu peito
E ondas de saudade, que me ferem
Solto a voz na garganta, com meu jeito
E navego na liberdade, que me derem

/

Passeio ali à beira, nessa margem
Na praia do meu sonho, onde me perco
E faço a grande feira, à minha imagem
E um muro risonho, com que me cerco

/

Meu sono permanece, em mar bravio
Nessa onda gigante, onde me deito
Minha alma enlouquece, em desvario
Num Oceano distante e imperfeito

/

E a gigante verdade, se desvia
Da rota do segredo, que há em nós
No mar da saudade, maré vazia
E na onda do medo, descanso a voz.

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Maria de Lurdes Brás

quarta-feira, 20 de junho de 2012

TODOS O AMAM

Nos degraus da minha escada
Esta noite alguém dormiu
Não sei nada, não sei nada
Eu não vi, ninguém o viu


Só sei que deixou ficar
A sua marca no chão
P'ra quem passasse, pisar
Seu sofrido coração


Dorme assim pelas escadas
Por alguns, abandonado
Promessas lhe foram dadas
Continua mal tratado


Como copo de cristal
Sensível, até mais não
Pois muitos o tratam mal
Sem saber, qual a razão


Entra em tascas e salões
Bem vestido ou esfarrapado
P'ra sofrer, não tem razões
Todos amam, nosso fado.



Maria de Lurdes Brás




quinta-feira, 10 de maio de 2012

MEU CORAÇÃO É UM SÓTÃO

Meu coração é um sótão
De recordações antigas
Onde as saudades brotam
Como se fossem cantigas

/

São saudades magoadas
Todas essa velharias
Ilusões mal arrumadas
Que recordo todos os dias

/

Coberto de pó um retrato
Numa moldura partida
Um livro velho que trato
Como trato a minha vida

/

Ideias cheias de aranhas
Em teias aprisionadas
E recordações tamanhas
Tão velhas e esburacadas

/

As minhas lágrimas brotam
Com saudosas alegrias
O meu coração é um sótão
Onde guardo as velharias


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Maria de Lurdes Brás

segunda-feira, 2 de abril de 2012

CAIS DE PARTIDA E CHEGADA

És o meu cais de partida
Foste meu cais de chegada
Mistérios da minha vida
A recompensa, alcançada

/

És conquista abençoada
Num coração magoado
Talvez a sina trocada
D'um destino já marcado

/

Esquecer-te não consigo
Nem é a minha intenção
Perto de ti sinto perigo
Longe de ti, solidão

/

És sentimento e verdade
Desta paixão sem guarida
Fica comigo saudade
Sem ti sinto-me perdida

/

Quero ficar ancorada
Nessa viagem sem ida
Foste meu cais de chegada
És o meu cais de partida.

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Maria de Lurdes Brás

terça-feira, 27 de março de 2012

PORQUE TE AMO LISBOA

Porque te amo, Lisboa
Me encanta tua grandeza
Vou no Cacilheiro à proa
Mirando, tua beleza
/
Sete colinas são rotas
Brilhando em noite de lua
Bailas ao som das gaivotas
Toda enfeitiçada e nua
/
O fado, teu filho querido
Por nós é tão adorado
Faz-nos perder o sentido
Tem magia o velho fado
/
Ontem era só um sonho
Hoje é já realidade
Sonhei um fado risonho
Tenho fados de saudade
/
Sou gaivota transportada
Nesse navio vou à proa
Estou por ti apaixonada
Porque te amo Lisboa.

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Maria de Lurdes Brás

domingo, 18 de março de 2012

RUA DA SOLIDÃO

Procurei por ti à toa
Por essa velha Lisboa
E nem sombras dos teus passos
Na Travessa da ternura
Alimentei a loucura
Numa muralha de abraços
/
Nessa Avenida maior
Não encontrei o amor
Achei a estima perdida
Abracei toda a saudade
Conquistei a felicidade
Nesse Beco Sem saída
/
Sem ter motivo ou razão
Na Rotunda da paixão
Vagueei qual vagabundo
Com o olhar indiferente
Senti que estavas ausente
Bem distante do meu mundo
/
Fiquei de voz embargada
E sem falar quase nada
Bateu o meu coração
Foi o final da jornada
À esquina da madrugada
Na Rua da Solidão

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Maria de Lurdes Brás

ESTA NOITE

Esta noite
não encontro, o que procuro
E me perco nas vielas, da cidade
Esta noite
vou sonhar com o futuro
E vou sentir saudades, da saudade

/

Esta noite
vou beber, para esquecer
O silêncio que tenho, dos teus braços
Esta noite
eu não quero adormecer
Vou seguir, as pegadas dos teus passos

/

Esta noite
eu quero ir e procurar
Aquilo que me dá só alegrias
Esta noite
vou sorrir, p'ra não chorar
De saudades que tenho todos os dias

/

Esta noite
não me vou sentir perdida
E gritar que me encontrei e estou aqui
Esta noite
vou abençoar a vida
Porque nesta madrugada, eu renasci

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Maria de Lurdes Brás